Em aparente crítica aos vetos de Rússia e China a resoluções contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU, a presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira que os países procurem um consenso na busca por uma solução para o conflito no país árabe.
Forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, reprimem com violência uma revolução iniciada há mais de 16 meses contra o regime. Mais de 17 mil pessoas foram mortas nos confrontos, de acordo com ativistas.
- Achamos importante que todos os integrantes do Conselho de Segurança da ONU tenham uma posição comum no sentido de construir a paz na Síria- disse Dilma em entrevista à imprensa brasileira em Londres, após encontro com o líder trabalhista britânico (de oposição), Ed Miliband.
- Não é um fato fácil e nós também não achamos que os instrumentos até agora utilizados nos outros países, sejam a invasão do Iraque e do Afeganistão, resolvam qualquer problema, seja na Síria, no Irã ou em qualquer outro país.
- Está provado que não dá certo. O que nós temos que construir em conjunto todas as nações do mundo é um caminho diferente em que a paz seja obtida por meios diplomáticos muito efetivos a partir de um consenso criado dentro do Conselho de Segurança - acrescentou a presidenta.
A Rússia, aliada da Síria, e a China têm bloqueado repetidamente as tentativas do Conselho de Segurança de aumentar a pressão sobre o presidente sírio para pôr fim à violência, que surgiu em meio à ofensiva do governo contra os manifestantes pró-democracia.
Como membros permanentes –assim como Estados Unidos, França e Grã-Bretanha–, as duas têm poder de veto e com isso o Conselho de Segurança, formado por 15 nações, está paralisado no tema sírio. Os norte-americanos inclusive já disseram que buscarão maneiras de enfrentar a crise na Síria fora do organismo mundial.
Dilma, que discutiu a questão da síria com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, na quarta-feira, lembrou que o Brasil já emitiu notas de repúdio à violência na Síria e que apoia os esforços do enviado internacional, Kofi Annan, pela implantação de um plano de paz da ONU.
Perguntada se o Brasil aceitaria impor sanções econômicas ao governo sírio, Dilma disse que o país está “aberto a qualquer discussão a respeito”, mas não quis discorrer sobre a possibilidade.
Diante da deterioração da violência na capital síria, o Brasil decidiu na semana passada transferir seus diplomatas de Damasco para Beirute, mas manteve o funcionamento de sua embaixada no país através de um funcionário de nacionalidade síria.
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